Criadamente

Em busca da mente

A psicanalista e uma ”babuska”

A psicanalista foi encaminhada para um atendimento profissional, que notara uma jovem em trabalho de parto devido uma pílula abortiva que a surpreendera. Em desespero arrumou sua própria solução. Abandonada pelo genitor que era casado, o pai da criança.

No hospital o médico não percebera a gravidez, dando-lhe apenas uma medicação para dor abdominal. A parturiente simulou uma ida ao banheiro deixando o rebento na lixeira. A jovem foi chamada novamente ao hospital, onde a aguardara um Delegado de Polícia, também, muito sensível que notou tratar-se de uma criança desesperada que dera a luz a outra, sem indiciá-la. Deram-se conta, todos, da tragédia que acometia, mas que diante aos fatos uma Mãe nascera depois do incidente e, bem depois do parto.

Percebe-se o nascimento de uma vida. Uma história humana que toca a alma pelas circunstâncias e a sensibilidade de profissionais preparados, mormente a psicanalista.

Metáfora

A metáfora das bonecas russas aplicada ao caso pela profissional no texto, também conhecidas como ‘’babuskas’’, são aquelas que vão sendo descascadas uma dentro da outra, até a sua ‘’essência’’ que é a ultima boneca.

Quantas vezes na vida é preciso ser descascada para se reconhecer na essência?

Uma jovem carente, ainda sem condição de cuidar de si mesma, em conflito tormentoso com sua Mãe, que ainda a maltratava, sem prestar-lhe a devida atenção nas suas necessidades e mudanças. Muitos abandonos são praticados de forma inconsciente. Cada pessoa tem na psiquê registros que elas mesmas desconhecem.

Abandono

O abandono é um registro que já marcou anteriormente uma história. Um  processo que já se deu início lá atrás na própria história de vida do inconsciente. A jovem que abandona a filha no lixo do banheiro do hospital, retrata bem a história de inúmeros casos de abandono no mundo, onde as pessoas, muitas vezes, ainda sem maturação psíquica ou até mesmo registros de abandono o fazem mas, também, tem um outro ponto importante: a mulher não nasce Mãe, nem na gestação se torna uma.

Essa condição é adquirida espontaneamente, a partir de eventos como este, por exemplo, tanto é que depois do abandono praticado por ela, reconheceu-se a tragédia que reproduzia a sua própria experiência, ademais dos referidos e sensíveis profissionais que cercaram o episódio, que reconheceram a debilidade emocional e psíquica, ainda sem maturação.

Psicanalista

Uma psicanalista enxerga a profundidade dos fatos, para poder contribuir nas perguntas que irão trazer do inconsciente do outro as respostas que precisa para compreensão do fenômeno, a tentar colaborar com sua melhor resolução.

Compreende-se que a menina vivia numa condição de desigualdade e abandono, e não podia reconhecer o próprio valor da vida. E, nem podia entender o que acontecia consigo. Sem perspectiva de futuro, tentou acabar com a vida que ainda não reconhecia como sendo sua também, a filha que sobrevivera.

São inúmeros fatores que fazem com que as pessoas cometam erros como esse, o desespero é o principal deles, mas, sobretudo a falta de consciência que se tem mediante ao fenômeno que o colhe.

 

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